sábado, 16 de junho de 2012


Os caminhos da alta gastronomia

Instalado no topo de prédios históricos por três meses, o restaurante itinerante The Cube leva requinte às cidades europeias.

Que tal unir alta gastronomia e paisagens deslumbrantes? Essa é a proposta do The Cube, restaurante itinerante criado pela Electrolux, gigante sueca do ramo de eletrodomésticos. Instalado sempre no topo de algum prédio histórico, o The Cube tem a proposta de encantar seus frequentadores, não apenas com uma culinária de altíssimo nível, mas também com vistas espetaculares das cidades mais charmosas e bem frequentadas da Europa. A primeira vez que o restaurante abriu as portas foi em meados de 2011, no Parc du Cinquantenaire, em Bruxelas, na Bélgica. De lá, seguiu para Milão, na Itália, bem em frente à Piazza del Duomo, no coração da cidade, onde ficou até abril deste ano. 
 
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Atualmente, o The Cube está em funcionamento em Londres, para aproveitar a badalação dos Jogos Olímpicos. Uma outra unidade será aberta em Estocolmo, na Suécia, no dia 18. “ Nossa intenção é oferecer a melhor, e mais exclusiva, experiência gastronômica possível”, diz a gerente experimental da matriz da Electrolux, Olivia Kaye. Por trás da invenção gastronômica, há uma ousada estratégia de fortalecimento de marca. A ideia da companhia é aumentar o valor agregado em torno de seus produtos destinados à gastronomia – um fogão profissional pode custar US$ 255 mil. “É o que chamamos de experiência de marca”, diz Luciano Deos, presidente da consultoria GADLippincott. 
 
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Os irmãos Enrico e Roberto Cerea, estrelados chefs italianos, participaram
da elaboração do cardápio do restaurante The Cube, em Milão.
 
“Associar o nome com um restaurante de luxo em um lugar diferenciado e com chefs estrelados é uma ação de marketing bastante inteligente e eficaz.” Para colocar o plano em ação, a empresa contratou o renomado escritório italiano de design Park Associati. A estrutura, com 190 m2 foi construída apenas com materiais recicláveis, como vidro e alumínio, e conta com energia solar e eólica. No centro do The Cube fica a cozinha sem nenhuma separação do salão, para que os frequentadores vejam a preparação da comida (e claro, os equipamentos do portfólio da Electrolux, profissional ou residencial). O design do The Cube conquistou até mesmo os chefs de cozinha. 
 
“Espaços abertos como o do The Cube despertam os cinco sentidos dos clientes”, afirma o italiano Eros Picco, que trabalhou no restaurante em Milão. “Quando adiciono o vinho branco no risoto, por exemplo, o cheiro da bebida se espalha pelo salão. É uma prévia do que eles vão experimentar.” As surpresas do local vão muito além dos pratos. Do teto do restaurante desce uma grande mesa branca, capaz de acomodar até 18 pessoas. Tudo é feito para impressionar os exigentes clientes, que gastam mais de R$ 500 por pessoa. Outro atrativo do The Cube é a participação de chefs de cozinha estrelados. Em Milão, por exemplo, a elaboração do cardápio foi confiada aos irmãos Enrico e Roberto Cerea, famosos nas altas rodas da Itália. 
 
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Harmonização com a paisagem: com jantares exclusivos em uma estrutura de 190 m2, a sueca Electrolux
quer associar sua marca à alta gastronomia.
 
Os profissionais são recrutados em diversas partes do mundo e têm algo em comum: estrelas do guia Michelin no currículo. Além de elaborar o menu do restaurante, os chefs interagem com os frequentadores, incentivando a experimentação em suas próprias cozinhas. “Com as dicas de renomados profissionais, nós queremos que as pessoas acreditem que não é complicado fazer pratos deliciosos desde que com as ferramentas certas”, afirma Neil Gannon, diretor de marketing mundial da Electrolux. Os ingredientes usados nos sofisticados pratos do The Cube também seguem a linha sustentável. Para isso, produtos orgânicos e colhidos a pouca distância de onde está o restaurante, hábito bem comum na alta gastronomia de hoje. 
 
Até agora, o restaurante tem feito sucesso por onde passa. Segundo a empresa, na Bélgica, o primeiro país a receber o The Cube, já é possível perceber a valorização da imagem da marca e do interesse do público em torno dos assuntos referentes à companhia. O foco do The Cube ainda é a Europa, mas a vinda para o Brasil nos próximos anos seria uma boa pedida. “Isso ajudaria no faturamento da companhia, pois aqui a Electrolux não tem uma imagem tão premium quanto na Europa”, diz Deos, da GADLippincott. “Com essa crescente valorização da culinária como prazer e não apenas como refeição que vem acontecendo por aqui, o Brasil é uma boa pedida.” Não seria nada mau um jantar com vista para o Cristo Redentor, não é?