Rio -  Quando lançou o ‘Guia Carioca de Gastronomia de Rua’ (ed. Arte Ensaio, 138 págs., R$ 60) há pouco mais de um ano, o cineasta Sérgio Bloch, que concebeu e editou o projeto, não imaginou o impacto que o livro teria nas vendas daqueles que ele chama de chefs ambulantes.

“Alguns dizem que aumentou em 100%”, comemora Sérgio. “O Rafael Marques, do Hareburger, até abriu loja”, conta o autor. O sucesso foi tanto que agora a equipe formada por ele, a jornalista Ines Garçoni e o fotógrafo Marcos Pinto (além do coordenador de pesquisa Fabrício Menicucci) se volta para mais uma missão: o ‘Guia Carioca de Gastronomia de Rua 2’, que trará novas delícias espalhadas pela cidade. E o leitor do DIA poderá dar suas dicas, através deste link. As melhores sugestões farão parte da nova edição.
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Acarajé da Ciça faz sucesso na Praça Quinze | Foto: Divulgação
“Devemos incluir uns dois nomes consagrados, mas queremos abrir espaço para novos. No anterior, checamos 100 pessoas para chegar a 19”, conta Sérgio. Em fase de pesquisa, eles já têm em vista quitutes como o Angu do Lula, no Catete, e o Acarajé da Ciça, na Praça Quinze, entre outros. “Não queremos um podrão igual a tantos outros. Buscamos um diferencial”, avisa Ines. Sérgio explica: “Gastronomia não fica restrita à cozinha. Envolve o fazer, mas também a maneira de o cara servir, de chamar atenção para o produto. Se ele tem essa criatividade, merece ser personagem”.

O envolvimento da equipe vai muito além do guia: o projeto inclui o lançamento de um portal voltado para a interatividade, um aplicativo para smartphone (será possível fazer check-in no local ao saborear alguma das delícias listadas no livro) e uma série de TV chamada ‘Na Boca do Povo’, mostrando ambulantes em diversos estados do País e que será exibida no Canal Brasil em 2013. E mais: atualmente, vários dos personagens do primeiro livro fazem um curso de capacitação no Sebrae, iniciativa de Sérgio, e a ideia é dar continuidade à parceria. “É um projeto político-cultural de defesa da gastronomia de rua. Deve haver fiscalização, capacitação, ensinar a usar luva, touca no cabelo, mas sem padronizar as receitas”, defende ele.

Tudo isso em busca do reconhecimento de verdadeiros tesouros que se escondem sob simples barraquinhas. “A comida de rua sofria preconceito. É evidente que, se o cara não tiver cuidado, não vai ser legal. Mas, nesse ponto, é mais honesta do que a dos restaurantes, porque tudo é feito na frente do cliente, ou seja, se ela é nojenta, você vê na hora”, argumenta Sérgio. “Através da comida de rua, às vezes você entende muito mais de uma cultura local do que dentro de um restaurante”, completa Ines.